Estamos acostumados a ver dados representados de maneira verbal (com palavras, números, tabelas) e como formas geométricas como gráficos de linhas, pontos etc. Mas a mesma ideia de representar dados para analisarmos eles com nossa visão pode ser usada para outros sentidos.

Por exemplo, o Radiolab é um podcast muito bom que em um episódio usa som para ilustrar a diferença no espectro de cores visto por diferentes animais. Ou seja, eles estão representando que parte da faixa de cores existentes um animal vê com som (é rádio, não dá pra ver nada), numa sonificação de dados. O mp3 do episódio está aqui:

  • O espectro de cores visto por um cachorro começa em 4:19 e vai até 4:30;
  • O espectro de cores visto por um pardal: de 6:05 a 6:34
  • Espectro de cores visto por um Odontodactylus scyllarus, um tipo de camarão: de 9:10 a 9:46
  • Tem também um vídeo dos bastidores

Para experimentar com como é sonificar um conjunto de dados, use o Twotone, da Google.

Outra forma de representar dados é criar um objeto físico (como oposto de virtual) que o representa e que nós acessamos com outros sentidos além da visão. O Dataphys é um catálogo de fisicalizações históricas e recentes para aprender mais sobre possibilidades nessa direção. Em uma fisicalização a visão pode ser usada em conjunto com outros sentidos para ler os dados.

Aliás, sobre sentidos, é importante saber que aquela ideia de 5 sentidos é meio furada. Somos mais complexos que isso. Por exemplo nessa visualização o Wall Street Journal usa seu senso de posição (equilíbrio, altitude, direção) para mudar a experiência de acessar uma série temporal.

Voltando a sentidos mais comumente comentados, o Data Cuisine é um projeto que explora o uso de sabor e aromas de comidas em conjunto com seu visual para representar dados. Essa matéria tem uma boa descrição: Jaschko offers a good example of this principle in action: a lasagna that was made during the Helsinki workshop, called “Spiced Foreigners Between Pasta.” The dish visualizes the increase in ethnic diversity in Finland: From left to right, each bite gets spicier, showing how immigration has diversified what was (not too long ago) formerly a bland and homogenous country.

Ao avaliar um desses métodos, é importante pensar o que muda na nossa interação com os dados. Tipicamente a interação por outro sentido em substituição da visão (quando essa é possível) é menos eficaz (erramos mais) e menos eficiente (somos mais lentos). Precisamos escutar um som inteiro para saber a forma que ele descreve, por exemplo, e não temos um bom vocabulário para descrever muitas sensações táteis ou olfativas. Basta lembrar do problema de alguém descrevendo vinho. Por outro lado, usar outros sentidos cria outra experiência, que pode ser um objetivo da representação dos dados mais importante que eficácia ou eficiência.